No jornal Folha de São Paulo de hoje, 17 de março de 2010, pode-se ler a matéria Minc quer antecipar meta contra desmate do cerrado. Segundo o jornal, Objetivo foi formulado com ajuda do próprio Minc, que deixa a pasta daqui a duas semanas; ele defende agora cumpri-lo entre 2009 e 2012. Mais um trecho do texto: A duas semanas de deixar o governo e disputar uma vaga de deputado estadual no Rio,o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) atacou ontem a proposta brasileira para a redução do desmatamento no cerrado, apresentada na conferência do clima da ONU, em dezembro, em Copenhague. Segundo ele, é um “absurdo” reduzir em 40% o desmate no bioma somente em 2020. Porém, essa meta foi definida pela Casa Civil e pelo Itamaraty e contou com ajuda do próprio Minc.
Fico em dúvida se desanimo com a incoerência ou comemoro a mudança de discurso antes tarde do que nunca. De qualquer maneira, seria importantíssimo correr atrás do tempo perdido e preservar a maior parte possível do que ainda resta do cerrado, bioma do qual ninguém fala quando se trata de desmatamento (não existem só a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica) mas que tem fundamental importância no equilíbrio de todo o ecossistema.
Por exemplo:
- o Cerrado possui mais de 100.000 espécies vegetais e animais
- 5% de todas as espécies de mamíferos do mundo são encontradas no Cerrado
- as três mais importantes bacias hidrográficas do país (São Francisco, Tocantins-Amazonas e Paraná-Prata, as maiores responsáveis pelo abastecimento de água e pela geração de energia do Brasil) nascem no Cerrado.
Tudo isso está ameaçado, entre outras coisas, pela retirada de 1.000 caminhões por dia de carvão vegetal para a produção de aço nas siderúrgicas da região, pela criação de um terço do rebanho bovino e 20% do rebanho suíno do país, pelos cultivos extensivos de soja (13% da produção mundial), milho e arroz (20% e 15% da produção nacional, respectivamente).
Agora pare por um instante para fazer uma co-relação: o Brasil joga no lixo 39.000 toneladas de alimentos por dia. Se tudo continuar do jeito que vai, grande parte do cerrado e de toda sua biodiversidade terá sido sacrificada e irá parar nos lixões e aterros sanitários por caminhos tortuosos e às custas de muito trabalho e consumo de energia humana, elétrica, de combustíveis fósseis, etc. Tem graça?
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