sexta-feira, 27 de abril de 2012

Cambuci, a lição

Meu primeiro contato com o cambuci aconteceu em 2010, quando ganhei alguns frutos e consegui fazer 98% das sementes germinarem. Se estivesse falando de pitanga, cuja semente germina até em rachadura de calçada, nenhuma novidade, mas o cambuci tem mil frescurites e fragilidades - detalhes que com certeza contribuíram para que a espécie entrasse na lista das árvores brasileiras ameaçadas de extinção. 

No ano seguinte, animadíssima com meus dedos verdes, postei aqui no blog um pedido de ajuda chamado Missão Cambuci. Era um convite para a empolgante missão de produzir o maior número de árvores da espécie. Quem quisesse participar poderia indicar a localização de pés de cambuci ou doar frutos, e a mim caberia o processo de beneficiamento das sementes, a germinação e o crescimento das mudas. Em troca, pés de cambuci ou outras espécies nativas frutíferas e ornamentais.

Hoje, assim como no ano passado, encerro as últimas semanas da segunda temporada de Missão Cambuci contabilizando um saldo mais do que positivo: muitas árvores, novos amigos, boas histórias pra contar e deliciosas surpresas.
De 2011 vieram a amizade e o carinho de Mari e Carmen, Vitor Lucato e da Rosana, e neste ano o círculo de amigos e colaboradores ainda cresceu, com Christian e Lucy, que doaram quilos e quilos de frutos podres e mais um tanto de maduros congelados para suco, os inestimáveis e animados Winfried, Cidinha e Daniel, que visitaram o viveiro e retribuiram me recebendo em casa com ótimo papo e lanchinho no fim da tarde, e o simpático casal Pathy e Ton, que me deixou sem palavras para agradecer. Depois de um dia puxado, de entrevistas de trabalho e muita chuva, os dois deixaram Ribeirão Pires às três da tarde e dirigiram por duas horas e meia para me trazer cambucis de cinco pés diferentes! Tivemos curtíssimas duas horas para nos conhecer e tomar um café com biscoistos e os dois já encararam a estrada novamente, para chegar em casa às dez da noite. E antes de ir deixaram aqui uma frase que ficou repetindo no meu ouvido: "pelo menos cumprimos nossa missão".

Pathy e Ton, as sementes foram extraídas dos frutos que vocês trouxeram,


foram misturadas com vermiculita para facilitar a semeadura,


esparramadas cuidadosamente sobre mesas de areia

 

e cobertas com terra, para manter a umidade. Também ganharam plaquinha com data, o nome de vocês e muita torcida.


Daqui a 60 dias teremos crianças despontando, com certeza.

E a sensação que fica é a de que essa interessante fruta ácida, de formato curioso e perfume tão gostoso, para mim se transformou numa lição. Reproduzi-la o máximo possível todos os anos jamais retribuirá todo o aprendizado e os momentos especiais que essa missão me proporcionou.
A todos os amigos e colaboradores que, junto comigo, curtem participar dessa brincadeira tão séria, um enorme OBRIGADA e até o ano que vem, no máximo!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sobre cambucis e borboletas


Estamos em plena época de doação de cambucis para extração de sementes. Os amigos feitos no ano passado, por causa da Missão Cambuci, quiseram participar de novo esse ano e, por obra deles, já tenho alguns baldes de frutos estragados, além de um bom tanto de cambucis maduros e polpa já prontinha para suco no congelador.
O trabalho de tirar as sementes dos frutos estragados tem sido longo e puxado (além de fedido!), mas ontem foi compensado pela visita da borboleta azul, que veio enfeitar o balde em troca de umas lambidinhas nos cambucis passados. Borboletas adoram comer matéria orgânica em decomposição, por isso ela nem se importou comigo trabalhando ali ao lado e passou bons minutos se deliciando a 20 centímetros de mim. Na maior parte do tempo ficou com as enormes asas fechadas mas, quando cheguei com a câmera, foi generosa e deu essa colherzinha de chá.
E se o cambuci onde ela pousou tem mais ou menos o volume de um ovo, imagine-a do tamanho da sua mão!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Abóboras espontâneas

Algumas coisas às vezes parecem estar esperando apenas que a gente dê uma manivela, como que para colocar engrenagens em movimento, e então elas acontecem por si só, desencadeando uma série de surpresas.
Em novembro do ano passado plantei alguns pés de abóbora que produziram lindos frutos. Desde então venho encontrando pelo sítio outras espécies, nascidas espontaneamente, provavelmente semeadas pelos passarinhos. E o mais bonito é que os locais escolhidos por eles são os que eu jamais teria usado como horta, mas são perfeitos!
Abril já é o quarto mês de abóboras no cardápio, e essas duas das fotos fazem aumentar para sete o número de espécies que já comemos este ano. Três foram responsabilidade minha. Quatro, dos passarinhos.
É mole?


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mulching - cobertura vegetal do solo


Se você tem em casa um canto esperando para ser plantado, não deixe a terra exposta, estragando. Fazer uma cobertura do solo é importante para prevenir o ressecamento e evitar que ele perca nutrientes, que desaparecem pela ação do sol e do vento.
Você pode optar por coberturas ornamentais, como argila expandida ou casca de pinus, ou simplesmente usar folhas secas.
Essa última opção não só é a mais barata e vantajosa, como é também ecológica e sustentável, porque além de evitar o empobrecimento da terra, você acrescenta matéria orgânica a ela.
É assim que a floresta fertiliza seu solo. Folhas e restos vegetais caem no chão e, depois de sofrerem decomposição, se transformam em nutrientes para as plantas, que novamente formarão galhos, folhas e flores, que de novo cairão no chão e...
A esse processo a biologia deu o nome de mulching (do inglês mulch, matéria vegetal em decomposição).

Então corra, de sacolas em punho, à praça ou parque mais próximo, e colete um bom tanto de folhas secas para alimentar suas plantas. Podem ser grandes, pequenas, de árvores, arbustos... vale até grama seca. Depois, basta espalhá-las com capricho ao redor das mudas nos canteiros

 ou mesmo sobre a terra aparente dos vasos.

Você pode usar folhas inteiras ou picadas, o que acelera o processo de decomposição. Se estiverem bem secas, amassar só com as mãos por dentro ou mesmo por fora do saco já é o suficiente para quebrá-las em pedacinhos bem pequenos.
Então faça uma boa camada suficiente para cobrir toda a terra aparente e mantenha as regas e cuidados de sempre.
Depois de um tempo você vai perceber que a superfície da terra mantém sempre o aspecto de úmida e saudável; é só afastar as folhas para constatar.

Duvida? Pois compare a terra armazenada em dois vasos há meses um ao lado do outro, recebendo os mesmos cuidados, sol e chuva:



Legal, não?