segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Latas com alça e outras embalagens reaproveitáveis


Mais um upcycle da casa da Mamma: latas de tamanhos variados ganharam alça de folha de flandres e viraram medidores de milho para os gansos e de ração para os bichos da casa.
Os gatos comem a medida certinha da lata menor, dessas de atum, e os cachorros ganham a quantidade da lata grande, de pêssego em calda. Quem fez as alças foi o calheiro, profissional das calhas e rufos para telhado. Cada uma custou R$ 2,50 e, certamente, foi feita com sobra de material. Mais um aproveitamento.

Tem muita lata jeitosinha no supermercado, e um critério de escolha dos produtos na hora da compra pode ser também o aproveitamento da embalagem. Vidros com e sem tampa, como os de requeijão e geleia, já são um clássico e viram copos e porta-parafusos na casa de todo mundo, mas com um pouco de criatividade e adaptação muito mais coisas podem ser inventadas. Às vezes a ideia não vem de imediato, mas passar uns dias olhando para uma embalagem interessante, de material de qualidade ou formato curioso pode ser o que sua imaginação precisa para dar um bom uso a ela.
E assim a gente vai parando de comprar porta-sabão em pó, porta temperos, porta-shampoo, porta-sabonete, porta...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Estação seca e sachês de cânfora ou Faça do limão uma limonada


Sim, está seco demais, por isso a gente dorme mal, sente a garganta pegar, tem dor de cabeça no final do dia, os lábios racham, a pele repuxa e mais um monte de sintomas e reclamações. Mas também é preciso lembrar que essa é uma fase mais do que normal no ciclo das estações do ano e que tem função importante na vida das plantas. É com a chegada da seca que caem as folhas velhas de diversas espécies de árvores, para que venham as flores, as sementes e depois as novas folhas. E quem tem um pouco de prática com orquídeas sabe que algumas espécies só florescem depois de um stress hídrico, ou seja, seca prolongada.

Claro que o fato de conhecer esses detalhes não diminui o desconforto diário dessa época do ano, mas e se, já que não há muito a fazer, tentarmos aproveitar o lado bom da coisa?

É tempo de tirar proveito do ar seco e abrir armários, colocar colchões, travesseiros e cobertores ao sol e lavar tênis e tapetes, coisas chatas de secar quando o tempo não está esturricando.
Uma boa faxina sempre cai bem, se não pelo prazer de arrumar e renovar, ao menos pela curtição do resultado final. Além disso, é sempre uma oportunidade de descobrir coisas que você nem se lembrava mais que tinha e selecionar o que é realmente importante que fique. O resto pode ser passado adiante, para fazer parte da vida de outras pessoas.

E no final da organização, para manter brocas, traças, formigas e outros insetos afastados e arrematar com um charminho, espalhe pelas gavetas e armários pequenos sachês de cânfora, que substitui com eficiência (e perfume muito melhor!) a fedida naftalina.

A cânfora tem aquele aroma inconfundível de creme para massagem muscular. É extraída da Cinnamomum camphora, árvore nativa do Oriente popularmente conhecida como canforeira que faz parte da família botância Lauraceae, a mesma do louro e da canela, utilizados nas cozinhas do mundo inteiro.
Normalmente encontro tabletes de cânfora a venda em farmácias, mas por algum motivo misterioso é comum que em certas épocas ela desapareça do mercado. Já ouvi dizer que encontra-se também em lojas de produtos médicos, daquelas que vendem de material cirúrgico a equipamentos para fisioterapia.

Gosto de embalar a cânfora em retalhinhos de tecido, desses que a gente tem pena de jogar fora. Uso um cd como molde e corto o círculo cerca de 1 cm além do risco. Para amarrar serve qualquer barbante ou fitinha, também desses que a gente fica guardando sem saber bem para que. Taí a utilidade.
O importante é que seja coisa simples e rápida de fazer, pra não tomar muito tempo e você acabar achando que não vale o trabalho.

E não se assuste quando, daqui a alguns meses, você descobrir que seus sachês estão vazios. A cânfora é volátil e acaba desaparecendo por completo.
Hora de fazer tudo de novo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Paina para dar e vender

Uma encomenda de 200 quilos de sementes de paineira rosa (Chorisia speciosa) nos colocou para trabalhar a valer beneficiando frutos; há semanas não se faz outra coisa. Uma equipe de coletores percorreu cidades e estradas no entorno de Holambra e Campinas, e conforme lotava o carro de frutos vinha para cá descarregá-los. Chegamos a ter 2.000 deles de uma só vez, esparramados num terraço secando ao sol.

Das visitas que vez ou outra apareceram, ouvimos "Isso é coco? Abacate? Cacau?"
Nada disso, esse é o fruto da paineira. 
Mas é fácil entender o estranhamento, porque não é coisa comum de se ver por aí. Na vida natural, lá na árvore, os frutos nem chegam a cair inteiros porque a espécie inventou um jeito bem bonito de se propagar. Ainda penduradas lá no alto as cascas racham, os frutos se abrem e expõem a paina, um tipo de algodão bem leve que voa ao vento, cada tufinho carregando uma semente.
Mas tivemos de nos meter no meio desse ciclo, senão não existe plantio para reflorestamento, então...

Quando alguns frutos da paineira começam a se abrir naturalmente nos galhos, quer dizer que os outros já estão quase prontos, então coleta-se os ainda fechados com um gancho na ponta de uma vara. E sai de baixo que se cair na cabeça machuca. Cada um tem, em média, 300 gramas. Mais a aceleração da gravidade... 


Depois de alguns dias no sol chega a hora de pisar nos frutos, e aqueles que estão no ponto de abrir fazem um croc debaixo do pé. Cuidado nessa hora: o croc vicia e você não quer mais parar de pisar em frutos. É como estourar plástico-bolha. E não adianta querer apressar a coisa e pisar mais forte para forçar o croc; as sementes dos frutos que não amadureceram o suficiente são brancas e não germinam, enquanto que nos bem maduros elas são escuras, quase pretas.


Feito o croc, a casca se racha e o miolo está solto, com a paina ainda úmida e bem compactada. Parece um cérebro em forma de espiga de milho.


Esse é o ponto de abrir o miolo úmido e tirar as sementes...


...porque se deixar passar algumas horas a paina começa a secar, estufar e o que antes era compacto vai virando um imenso tufo que se desmancha. Quando isso acontece fica bem mais difícil tirar as sementes, que se embaraçam nas fibras brancas e leves, já querendo voar com elas.

Miolos ainda fechados, secando e estufando

A paina que sobra depois da retirada das sementes é um excelente enchimento para travesseiros, almofadas, bonecas de pano e o que mais você quiser fazer de fofo e gordinho. É a versão natural (e original) do plumante, fibra industrializada. Nos idos tempos em que as mulheres "só" cuidavam da casa, dos filhos, da comida e da costura da roupa de toda a família, eram recheados de paina os objetos fofos do lar.
Por ser nativa do Brasil, a paineira está presente na história de sítios e fazendas pelo país a fora, e além de abundante, cresce rápido e produz muitos frutos, então fornece paina para dar e vender. Pergunte para uma avó, tia ou conhecida de mais idade.

Durante a retirada das sementes fomos desmanchando os "gomos" dos frutos, que têm organização parecida com a de uma laranja: uma parte de fibra e uma divisória, uma fibra e uma divisória. Assim as divisórias já foram sendo descartadas e sobrou só a paina, limpinha, que depois de algumas horas de sol perdeu a umidade, soltou as fibras, cresceu e ficou pronta para virar recheio.

Paina limpa mas ainda úmida e compactada
Cabinhos dos frutos e películas divisórias dos "gomos"
Paina seca com as fibras soltas, bem fofas
Sementes prontas para o plantio

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Em breve, lindas cenouras tortas e coloridas!



Ganhei da Mari, irmã cozinheira, um pacotinho de sementes de cenouras coloridas que é simplesmente o máximo. A seleção de espécies se chama Kaleidoscope Mix e você pode passar vontade visitando o site da Burpee, que tem sementes de hortaliças incríveis, mas não faça pedidos pela internet porque suas sementes serão barradas na fronteira do Brasil pela inspeção sanitária. Eu já tentei. As minhas vieram escondidas numa mala de viagem, mas, por favor, não conte isso para ninguém; é um segredo de irmãs.

Esperei chegar agosto (mês adequado conforme a recomendação do verso da embalagem), preparei um canteiro especial, afofei com capricho a terra adubada e fiz a semeadura. A cartilha internacional do plantio de cenouras é clara: faça pequenas covas no canteiro (1 cm de profundidade) com espaçamento de 30 cm entre elas e coloque de 2 a 5 sementes dentro de cada uma. Mantenha a terra úmida e, depois que os brotos tiverem cerca de 5 cm de altura, faça o raleio arrancando as mudas pequenas e deixando ficar sempre a maior de cada cova.

Até a parte da semeadura tudo bem, foi fácil, mas os brotos começaram a aparecer aos montes, mostrando que praticamente todas as sementes germinaram, e quem disse que agora tenho coragem de fazer o tal do raleio? E se, na hora de escolher quais arrancar, eu estiver descartando justamente as mais lindas? E se não sobrar nenhuma roxa?


Passei dias olhando aquilo tentando tomar coragem, mas que nada. E aí decidi que só dormiria tranquila se salvasse todas, então agora o progama dos finais de tarde é... transplante! Espero o sol baixar - porque apesar de estarmos no inverno os dias têm sido quentes - rego bastante o canteiro para hidratar bem as mudas antes da "mudança" e, com um palito fino, vou soltando cada uma com cuidado, numa espécie de microcirurgia delicada. Numa nova cova bem funda faço o possível para ajeitá-las sem danos, e aí vamos ver.

Sim, eu sei, não existe transplantar cenouras, mesmo brotinhos pequenos, porque é praticamente impossível conseguir reposicionar as raízes tão organizadas e retinhas como elas nasceram no lugar original, então é enorme a chance de cenouras tortas ou mesmo dobradas, mas... e daí? Dentro de 50 dias serão duas as surpresas: a cor e o formato de cada uma. Certamente vai ser bem divertido!

domingo, 19 de agosto de 2012

Sobre enterrar sementes



Sementes são pacotinhos recheados de energia de vida e informações genéticas, e foram sendo aprimoradas ao longo de milhares de anos para perpetuar, da maneira mais eficiente possível, a espécie da qual carregam traços e características.
Quando estão livres na natureza, todo o meio ambiente se encarrega de ajudá-las a exercer sua função: ventos levam para longe as mais leves, pássaros carregam no bico e no sistema digestivo as sementes dos frutos que lhes serviram de alimento, algumas são arremessadas pelo estouro do fruto onde foram formadas, outras são transportadas pelas águas... Assim, cada uma segue seu curso natural e, em solo e condições favoráveis, dá início a uma nova vida.

Mas, e quando somos nós os responsáveis por fazê-las germinar, como lidar com cada tipo? Onde semear? Quanto enterrar?

Uma regra muito útil no preparo de sementeiras ensina que cada semente deve ser enterrada em profunidade equivalente ao seu tamanho "deitada" - ou seja, na posição em que fica naturalmente quando cai no chão. Claro que esse cálculo não é muito fácil quando se trata de sementes bem pequenas, mas no caso das grandes, veja:


A semente da Seringueira (Hevea brasiliensis), que tem 1,7 cm de espessura na sua menor dimensão, deve ser enterrada a 1,7 cm de profunidade.


A semente do Guapuruvú (Schyzolobium parahiba), também chamada de ficheira por ser bem achatadinha, deve ser enterrada sob uma camada fina de terra.


Claro que a natureza não obedece regra nenhuma e muitas sementes germinam sem nem mesmo terem sido cobertas de terra, mas essa é uma boa referência para não correr o risco de enterrar demais uma semente, sob mais peso do que ela poderia suportar na hora da germinação. Afinal, nascer não é tarefa fácil nem para os vegetais, e sempre exige algum esforço:





No caso das sementes bem pequenas, espalhá-las sobre a superfície da sementeira e peneirar uma camadinha fina de terra por cima já é mais do que o suficiente para que todas se mantenham firmes no lugar e não sejam levadas pelo vento e pela água das regas, além de permanecerem úmidas por mais tempo, já que expostas secariam muito rapidamente.

Na hora de regar, chuvinha fina feita com borrifador para as sementes pequenas, e volume um pouco maior de água, com regador ou mangueira, para as sementes maiores e mais enterradas. Diariamente.

E como já falei neste outro post  sobre sementeiras, o tempo de germinação pode variar de quatro dias a vários meses, dependendo da planta, por isso é interessante se informar a respeito do que você está semeando, para não sofrer por antecipação achando que não vai dar certo e nem desistir antes da hora.
Boa sorte!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Come-se presentes

Acima à esquerda, mangaritos. À direita carás-moela e abaixo orelhas de padre

A teoria dos 6 graus de separação foi elaborada por pesquisadores da Microsoft e diz que todas as pessoas do mundo estão separadas umas das outras por apenas 6 laços de amizade, mas a julgar pela quantidade de coincidências que tenho vivido, certamente essa média vem caindo.

Na última segunda-feira tive a oportunidade de conhecer a Neide, do blog Come-se, atravessando a ponte de um único grau de separação entre nós. Fui levar para ela, em São Paulo, uma muda de limão Yuzu mandada pelo Edilson Giacon, do viveiro Ciprest.
Do Edilson sou cliente fiel; é um dos nomes mais conhecidos no ramo do cultivo e comércio de plantas especiais no Brasil. Se ele não conhece a espécie ou não sabe onde encontrar, é porque ela não existe - ao menos no país. E da Neide sou leitora assídua e cada vez mais admiradora; no blog aprendo sobre cozinha criativa, saudável, sem preconceitos e conheço novos ingredientes, além de escrever melhor só por ler o que ela publica. Texto bom tem esse poder. E, pra melhorar, a danada agora anda fazendo experiências no mundo das plantas, curtindo belezas e curiosidades das árvores e sementes que ganha ou encontra por aí.

Neide mora numa casa linda, toda amarelinha, e logo no início já vem se desculpando que o quintal está uma bagunça, que ela não é uma boa anfitriã... Mas é tudo modéstia, porque o quintal cheio de potinhos com mudas e sementes germinando não podia ser mais interessante, sem falar no chá com pão e geleia caseiros que convidam a passar o resto do dia lá.
Durante uma hora e meia que nem vi passar trocamos histórias, curiosidades, experiências, descobrimos mais amigos em comum e eu, que era só portadora de um presente, saí com as mãos cheias de coisas novas a experimentar. Ganhei mangaritos, carás-moela e orelhas de padre, que nunca comi nem plantei mas conheço das páginas do Come-se. Diversão garantida para os próximos meses, plantando e comendo meus presentes.

 E que seleto grupo de amigos e conhecidos, o meu.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Seminário sobre compostagem na cidade de São Paulo


A cidade de São Paulo está arregaçando as mangas e realiza, nesta sexta-feira 10 de agosto, um seminário sobre compostagem de resíduos orgânicos. Ótima notícia, porque está passando da hora de tratar com mais consciência a questão do lixo. Mas não basta que só a administração municipal mexa seus pauzinhos, é preciso que toda a população se engaje na causa e participe de verdade, com conhecimento e plena responsabilidade.

Você pode começar a fazer sua parte indo ao seminário. É uma pena que seja num dia de semana, mas se puder comparecer, aproveite; a oportunidade é das melhores para assistir profissionais de órgãos públicos e gente que agita o terceiro setor trocando experiências e analisando a melhor maneira de colocar a mão na massa. Afinal, em algum momento a coisa tem que começar, e tomara que seja já!
O evento é gratuito mas é necessário inscrever-se. Clique aqui e preencha a ficha para formalizar sua presença.