quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Fast food para chegar a tempo ao Slow Food
Como acontece sempre, ontem planejei mais coisas em São Paulo do que as distâncias e o trânsito me permitiram realizar. O seminário sobre Slow Food já tinha começado há quinze minutos e eu ainda descia, de barriga vazia, a Brigadeiro Luiz Antonio. O jeito foi entrar em uma das muitas lanchonetezinhas no caminho e pedir alguma coisa rápida, que desse para ir comendo enquanto andava, para não perder muito do evento.
Cheguei quase uma hora atrasada, e já na porta do auditório ganhei um folheto que começava assim:
O Slow Food foi fundado em 1989 em oposição aos efeitos do fast food e ao ritmo frenético da vida atual,...
De garrafinha plástica e salgadinho de queijo nas mãos, fazendo tudo errado em pleno encontro de especialistas, sentei para respirar, desacelerar o coração e entrar no clima do evento, lendo o resto do folheto:
...ao desaparecimento das tradições culinárias locais, ao interesse cada vez menor das pessoas pela comida, pela origem e pelo sabor dos alimentos e para esclarecer como nossas escolhas alimentares podem ter um impacto no mundo. ... O Slow Food considera a agricultura, a produção de alimentos e a gastronomia segundo um conceito de qualidade do alimento baseado em três pré-requisitos básicos e interconectados:
bom... uma dieta fresca e saborosa, capaz de satisfazer os sentidos e que seja parte da cultura local
limpo... produzido respeitando o meio ambiente e a saúde humana
justo... preços acessíveis para os consumidores e condições e pagamentos justos para os produtores familiares
Acreditamos que todos devam ter acesso ao alimento bom, limpo e justo.
Pois é, o movimento Slow Food é tudo de bom e foi gratificante ver quanta gente tem trabalhado duro em favor da boa alimentação.
Carmen Silvia Carmona de Azevedo, do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo, explicou as inúmeras atribuições da entidade que representa e quantos órgãos e empresas estão envolvidos na mesma discussão.
João Paulo Amaral, do IDEC - Instituto de Defesa do Consumidor - falou sobre os truques e artimanhas que os fabricantes usam para "maquiar" de naturais alimentos quase totalmente artificiais, e sobre a falta de regulamentação no setor, que permite, por exemplo, que sucos de fruta em pó tenham rélis 1% da fruta em sua composição.
Roberto Graziano, Secretário do Abastecimento do Município de São Paulo e coordenador do projeto Feiras Orgânicas explicou a quantas anda a oferta de orgânicos na cidade e as tentativas de aumentar o número de feiras. A de agricultura familiar no Ibirapuera, por exemplo, terá cerca de 40 barracas e está prevista para começar no dia 10 de novembro na região entre o clube Círculo Militar e a Assembleia Legislativa.
Depois da primeira mesa de debates o microfone foi aberto à plateia e diversos representes de organizações puderam contar dificuldades e também bonitas realizações e experiências. E é unânime o chamado para que mais pessoas se envolvam com as mudanças das quais desejam usufruir. Já houve o dia em que não se falava em alimentos orgânicos; hoje já há esta bandeira levantada e só vem crescendo o número de produtores de alimentos sem agrotóxicos no país. Já houve o dia em que não se falava em Slow Food; hoje já existe esse movimento com mais de 100 mil associados em 150 países.
A gente sempre pode escolher entre não fazer nada e se envolver em movimentos que só fazem bem. Ficar em casa olhando tudo de longe é a melhor receita para permanecer sempre à parte, enquanto ir a um seminário, palestra ou encontro sobre qualquer coisa é a melhor maneira de se deixar contagiar e ver que pessoas unidas se fortalecem e fazem as coisas acontecerem.
Se você está naquele clima "gostaria de fazer alguma coisa mas não sei por onde começar" visite os endereços abaixo, de alguns dos parceiros do Slow Food, e comece a conhecer um pouco mais do assunto. Quem sabe aí você encontra o que te mobiliza. Nunca é tarde, e quanto mais gente, melhor.
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Sou adepta e já faço alguma coisa através do meu blog. Precisamos ser mais slow em tudo, como quer Lenine em sua canção "Paciência". As pessoas que correm muito precisam entender que só estão com pressa para chegarem mais rápido ao fim. E aí?
ResponderExcluirBeijos, Angela
http://noticiasdacozinha.blogspot.com
Que bom saber que você foi, Juliana. Queria ter ido...
ResponderExcluirAdorei o texto. Beijos, N
Angela, boa a lembrança da música do Lenine... Eu entendo a questão do correr muito porque acho que não é para chegar mais rápido ao fim, e sim porque há muita coisa interessante pra se ver e viver e dá vontade de não perder nada. Comigo, pelo menos, é assim. Foi assim nesse dia do Slow Food. Mas realmente, a gente precisa desacelerar um pouco!
ResponderExcluirNeide, teria sido muuuuuito mais gostoso se você tivesse podido ir junto. Ano que vem?
Beijos,
Juliana.