A grande revelação do domingo foi a notícia de que os supostamente bem educados jovens brasileiros da classe média alta foram pegos no pulo. Ou melhor, no lixo.
O jornal Folha de São Paulo encomendou à Inova, empresa que faz a limpeza das ruas da zona noroeste da cidade, um levantamento do lixo recolhido nos principais locais de balada dos bairros Pinheiros e Vila Madalena.
O resultado é de cair o queixo: em alguns endereços o total de sacos de lixo do final de semana corresponde a até 75% do coletado durante os dias úteis. Na rua Wisard, por exemplo, no período de 22 a 28 de setembro último, 171 sacos foram enchidos com o lixo de segunda a sexta-feira, enquanto 128 sacos foram necessários para recolher o lixo gerado apenas no sábado e no domingo.
Anrafael Vargas, diretor da Inova, diz que a maior parte do material é copo descartável, bituca e maço de cigarro, guardanapo de papel e garafa long neck. "Tem pouco alumínio porque os catadores recolhem as latinhas", diz ele. Alguns bares têm lixeiras do lado de fora e varrem diversas vezes por noite, mas ainda assim a empresa de limpeza pública tem muito o que recolher quando amanhece o dia.
Quem sai do bar para fumar está mais do que acostumado a jogar bituca de cigarro no chão. Eu sei como é, também já fumei e já fiz assim. Bituca se arremessa longe, num peteleco caprichado que todo fumante sabe dar. Ou então é esmagada pela ponta do pé fazendo voltinhas, para ter certeza de que ficou bem apagada. Afinal, acessa é perigosa, mas apagada no chão tudo bem.
Já os que bebem em pé na calçada colocam cuidadosamente seus copos e garrafas vazios nos cantinhos das paredes ou na guia, já que seria feio arremessá-los por aí. Vidro quebra, machuca os outros, não é legal. Mas colocadinho no chão com cuidado, que mal tem?
No dia seguinte, sobra no chão a vida real. Um rastro de falta de educação que o charme e o papo animado da noite anterior não conseguem negar. Os que jogaram tudo aquilo na rua não puderam interromper por um instante a piada para caminhar até a lixeira. Ou, em casos de ainda mais conseciência e empenho, para questionar ao garçom "O bar não tem uma lata de lixo do lado de fora? Onde eu posso jogar isso?"
É chato começar a semana assim, com a triste constatação de que nem aqueles que têm livre acesso à "boa educação" estão fazendo o seu dever de casa.
Para ler a reportagem completa da Folha de São Paulo, clique aqui. E para ver mais números, confira a seguir a tabela produzida pela Folhapress.
Lamentável... Mas, infelizmente, esse é o país do 'assistencialismo sim, educação não'. Mais pessoas vêm ganhando status de classe média, mas não são educadas para o consumo e o descarte de resíduos conscientes. Muito lixo nas ruas, mais ainda nas mentes - falsa ilusão de 'poder'. Trabalho longo e árduo para mudar alguma coisa, por pouco que seja... Beijos, Angela
ResponderExcluirhttp://noticiasdacozinha.blogspot.com
Parabéns pelo site! É interessante ver esses dados, e eu concordo em dizer que é falta de educação daqueles que supostamente tem mais acesso a ela. Mas isso traz uma questão muito mais séria que quase nunca é abordada que é o lixo criado por restaurantes, bares e hotéis. Após trabalhar em um restaurante/bistrô que servia também convenções e reuniões de empresas, eu me senti completamente impotente diante do tamanho do problema. E aí, os políticos e ativistas cobram do cidadão comum a questão da reciclagem e da consciência, quando os setores industrial e de serviços é que fazem um estrago muito maior. Era tanto resto, tanta embalagem, tanto descartável, e olha que eles reciclavam os restos de legumes e vegetais para o composto. A responsabilidade é de todos, mas a poluição de restaurantes me incomoda.
ResponderExcluirAngela, fico me pergunando: o pai e a mãe não ensinaram isso em casa? Ai, ai...
ResponderExcluirIdeia Retro, obrigadíssima por seu depoimento. Concordo plenamente, é uma loucura o que os estabalecimentos comerciais produzem de lixo. Essa história de descartável é péssima. E todo mundo descarta com a justificativa de que é reciclável, mas a indústria da reciclagem no país ainda não é grande o suficiente para absorver todo essa material e nem mesmo todos os tipos de material, ainda.
Um beijo e voltem sempre,
Juliana.