Colhi minhas cenouras coloridas e tive que dar razão a quem já tinha avisado: transplantar brotos de cenoura não dá certo. Todo mundo já sabia - até eu! - mas, teimosa, resolvi apostar, para ver com meus próprios olhos.
No início de agosto, como contei aqui, semeei lindas cenouras coloridas e não tive coragem de fazer o raleio recomendado quando duas ou mais sementes germinam na mesma cova, então quando as plantinhas já tinham cerca de 10 centímetros de altura fiz o transplante de muitas delas, apostando para ver no que daria. Minha suspeita era de que as cenouras nasceriam tortas ou dobradas, já que é dificílimo manter a raiz retinha como na posição original. Mas não foi bem isso que aconteceu.
Ao invés de continuarem a crescer, mesmo que com a raiz torta, minhas cenouras transplantadas emitiram novas raízes e se tornaram monstrinhos com jeito de polvo. Algumas tem as longas perninhas cruzadas e rendem boas brincadeiras, do tipo "que bicho eu sou?". Certamente dariam ótimos personagens nas mãos de Julio Cortázar.
Mas as cores saíram lindas, e o pouco de "massa cenoural" que elas apresentam renderá algo interessante de comer que ainda não sei o que mas logo saberei. E enquanto penso aproveitei para comer as ramas. Sim, ramas de cenoura são comestíveis e muito versáteis. Vão bem em sopas, bolinhos, arroz colorido ou qualquer outro tipo de preparo com alguma etapa de cozimento. Cruas não, porque são firmes e fibrosas, então, pelo menos na minha opinião, pedem um certo amolecimento em água ou refoga simples, com azeite. Nada complicado, é só picar bem e repetir o que se faz com couve, por exemplo.
Hoje no almoço fiz risoto de ramas de cenoura e ervilha torta. Delícia.
E enquanto mexia a panela no fogo, me lembrei de algo super curioso que a Neide, amiga querida do Come-se, me contou outro dia, enquanto visitava minha horta:
As cenouras originais, silvestres, eram brancas, amarelas e roxas, e a cenoura cor de laranja, praticamente a única que se encontra hoje em dia, foi desenvolvida na Holanda em homenagem a Guilherme I de Orange, durante a guerra holandesa de independência da Espanha, no século XVI.*
Tudo bem, homenagens fazem bem e a gente gosta, mas quem foi que resolveu sumir com as outras variedades, as coloridas e originais???
Próximo passo: semear o que me resta de sementes do pacotinho e não colher as cenouras, deixando as plantas darem flores e, em seguida, sementes. Assim, talvez eu consiga algum estoque para continar plantando e presentear quem se interesse em propagar a espécie.
*Em comentário nesse post, a Neide conta que, apesar de as cenouras laranjas terem sido mesmo desenvolvidas na Holanda, parece que a parte da homenagem é mito. Alguém sabe mais sobre isso?
Interessante! Assim é que as plantas originais se acabam, não é?
ResponderExcluirAbraço!
Tenho uma sugestão: despreze o que não pode ser aproveitado e as partes mais 'gordinhas' das cenouras podem ser raladas no ralo fino, o que dará uma excelente e colorida farofa, cheia de carotenóides.
ResponderExcluirEste seu blog tem de tudo: boas ideias, informação e cultura. Adoro segui-la.
Se você retirar sementes mesmo, vou querer um pouco. Avise-me, por favor. Beijos, Angela
http://noticiasdacozinha.blogspot.com
Tanto você quanto a Neide fazem meu dia com posts como estes. Lindas cores! E um charme esses formatos torcidos!
ResponderExcluirAbraço,
Flávia.
Sonia,
ResponderExcluirque pena, não é? Por que deixar de lado cenouras tão bonitas e plantar uma única cor? E a gente acaba nem sabendo que existem outras!
Angela,
obrigada pela sugestão. E já estão prometidas sementes para você. Se eu esquecer, por favor, me lembre!
Flanzie,
E comentários como o seu fazendo o meu dia também! Muitíssimo obrigada e seja sempre muito benvinda.
Um abraço,
Juliana.
Juliana,
ResponderExcluirque divertidas! Se eu fosse você, cozinhava assim mesmo, sem descascar e depois cortava em fatias. Serão fatias disformes, mas bonitas. Passe em manteiga com ervas e nhac! Quanto à homenagem, parece que é mito, embora seja mesmo criação holandesa. Ontem mesmo estava pesquisando sobre isto. Dependendo da cor, elas são ricas em antocianinas (as roxas), licopeno (as vermelhas) ou betacaroteno, as laranjas. Depois eu quero sementes!! bjs,n
Neide!
ExcluirJá fiz uma observação lá no post dizendo que você informa que a parte da homenagem é mito. Obrigada pelas informações nutricionais e, claaaaaro, você já está encabeçando a lista de presenteados com as sementes!
Um beijo grande,
Juliana.
Tj
ResponderExcluirUma pena elas terem ficado tortinhas, mas tenho uma curiosidade enorme a respeito do sabor delas. Me conta depois se é parecido com o das cenouras comuns ou se tem alguma diferença.
Beijos
Elas parecem as mandrágoras do filme I do Harry Potter! Adorei!
ResponderExcluirPoxa, pedi para que me enviassem, mas ninguém teve coragem de me mandar pelo correio pois há uma penalidade máxima para tal.. buáaa!
ResponderExcluirTj, o sabor é parecido com o das cenouras comuns mas cada cor tem uma característica própria, uma delícia! Logo postarei sobre isso.
ResponderExcluirKenia, não assisti ao Harry Potter, mas posso imaginar as mandrágoras!
angela, as lojas não enviam porque eles já sabem que a fiscalização apreende, então não adianta. Mas parentes e amigos não sofrem nenhuma penalidade por mandar pelo correio, certeza. Na pior das hipóteses o envelope não chega.
Um abraço,
Juliana.