Folhas rasgadas de amaranto comestível (variedade Red Asia) |
Uma horta em casa enfeita o jardim e relaxa as tensões do dia a dia, premiando a gente com ervas, temperos, saladinhas, legumes e hortaliças frescas. Mas não é só isso. Acompanhar nossa comida crescendo dentro de casa nos ensina a reconhecer o valor de uma refeição. Ensina que aquilo que você vai jogar fora porque se serviu com o olho maior que a barriga demorou semanas, às vezes meses para existir. E ensina também que a frescura do consumidor é inimiga do trabalho do agricultor.
Quem tem horta ao ar livre descobre rapidinho que uma chuva de granizo, por exemplo, é capaz de acabar com a boniteza de uma lavoura, rasgando folhas e furando frutos que até então estavam perfeitos e fariam a felicidade de qualquer consumidor na feira. Cinco minutos de pedras caindo e está tudo estragado, pelo menos no que diz respeito ao visual. As folhas daquele alface repolhudo que você acompanhou desde a sementinha, sua couve manteiga linda de morrer, as rúculas... tudo picotado. As abobrinhas, tenras e lisinhas que mais pareciam de plástico... todas machucadas por pedras geladas.
Plantação de comida é natureza, e natureza está sempre sujeita a intempéries. E vai reclamar com quem? Tem número de disque-denúncia? Depois da tempestade o sol volta a brilhar, a vida continua, mas as feiras e hortifrutis ainda contam a história dos dias passados. E a gente lá, de frescura, revirando as bancas atrás da comida perfeita. O pimentão não pode ter um rasguinho. Abóbora furada e tomate amassado, de jeito nenhum. Cenoura torta, então... Sem falar na reclamação do preço, que aumentou demais. Pois é, aumentou porque o produtor perdeu muito de sua colheita por causa da seca, ou da chuva demais, ou do granizo...
Não, não estou advogando em defesa da "associação do agricultor injustiçado pelas condições climáticas" nem ignoro que atravessadores e supermercados também têm responsabilidade sobre produtos bem conservados e preços acessíveis. Escrevo o desabafo de quem teve a horta atingida por uma chuva de pedras e aprendeu a deixar de ser fresca na hora de escolher comida viva.
Abobrinha italiana furada por pedras de gelo |
Adorei sua matéria! Cultivar não é tão fácil e simples...me lembro quando meu pai teve um sítio em Minas Gerais e uma chuva muito forte de granizo acabou com as árvores, casa, plantação e matou várias galinhas.
ResponderExcluirQuando moramos na cidade e vemos o granizo no quintal de casa achamos até bonito o visual, mas na lavoura ele faz muito estrago!
Beijos e boas energias na sua casa!
CamomilaRosa
É lamentável o que uma chuva de granizo faz numa plantação.Meu avô, agricultor, dizia que os colonos tem o pescoço comprido de tanto olhar para cima para ver as condições do tempo, eu achava graça quando criança, depois fui entender a preocupação de quem planta.
ResponderExcluirMas uma horta é também uma terapia!
abraço e bom final de semana!
Sonia
Plantar para comer é como tudo o mais na vida: não há como evitar as vicissitudes. Faz parte do estar vivo e ensina a validar o que é bom e relativizar o que não é tão bom. Ciclos, giros: recomeçar sempre. Boa sorte! Beijos, Angela
ResponderExcluirhttp://noticiasdacozinha.blogspot.com
Sem contar que um porco do mato avassalou batatas-doces, inhame e aipim! Estamos arrasados. Estamos tentando salvar umas mandiocas amarelas, pois ele vem diariamente aqui, no meio da noite. Não sei oque fazer. Os meus cachorros não dão conta dele, a horta é mais adiante, os cachorros ficam próximos à casa, aí latem latem latem..
ResponderExcluirSempre devemos pensar antes de comprar comida ou colocá-la no prato. Quem descende de pessoas que passaram por uma guerra aprende isso na infância: comer só o que precisa, sem tirar do outro. Além disso, vegetal ou animal (uma exceção para frutas e flores), a comida foi uma vida que se foi.
ResponderExcluirCamomilaRosa e Sonia, a tristeza que bate na hora que a gente sai e vê tudo destruído...
ResponderExcluirBeijo e boas energias para vocês também!
Angela, que pena. Acho que só cercando a plantação...
?! (Giselle?), perfeito seu comentário, é isso mesmo. A guerra e a vida que se foi.
Um abraço,
Juliana.