sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Mato como barreira natural contra pragas

Primeiras folhas do pé de repolho, murchas e retorcidas pela ação de pulgões

Se você ainda não sabe que cara tem um pulgão e os estragos que ele pode causar, cultive qualquer uma das hortaliças da família Brassicaceae (antigamente chamada de Cruciferae) e em alguns dias saberá do que se trata. Pulgões são apaixonados por couve, couve-flor, brócolis, repolho, e em alguns dias são capazes de sugar a seiva da planta até que ela definhe por completo. Combatê-los faz e sempre fará parte do trabalho de quem cultiva hortaliças comestíveis, e é preciso ter paciência. Esse é um dos motivos pelos quais dizem que horta da trabalho.

Conhecer as pragas mais comuns e saber como conviver com elas (porque se livrar definitivamente é impossível) é fundamental para quem quer ser recompensado com o prazer de comer o alimento que plantou, por isso, pesquisar bastante e colocar mãos à obra é a melhor maneira de criar seus próprios protocolos no cuidado com sua horta.

Na minha, dia desses, o acaso veio para ensinar mais uma artimanha que já conhecia de ouvir falar mas ainda não tinha experimentado. Num dia de "desmatamento", que é como tenho chamado a atividade de tirar o mato dos canteiros, comecei a arrancar as plantas invasoras que nasciam ao redor de três mudas de repolho roxo mas fui interrompida por alguma coisa. Fui resolver o que precisava de mim e acabei não voltando para terminar a limpeza. Dias depois encontrei uma infestação de pulgões nos dois repolhos da área já limpa, enquanto o que quase sumia sob o mato estava saudável, livre dos insetos.

Barreiras naturais são muito utilizadas no campo, em produções orgânicas e não orgânicas, tanto em pequenos quanto em grandes plantios. É comum, por exemplo, ver eucaliptos plantados como um muro para impedir que insetos e doenças carregados pelo vento atinjam as culturas. Faixas de mato entre áreas culivadas também servem de abrigo para sapos, rãs e diversos predadores de pragas. Mas é claro que, assim como as infestações, o mato como barreira também precisa estar sob controle, senão cresce e se alastra mais rápido do que o resto e rouba a água e os nutrientes disponíveis para suas hortaliças.

Observando esses três repolhos percebi também que o mato em volta do terceiro deles funcionou como uma proteção contra o sol excessivo, que tem castigado nesse final de primavera. Frequentemente os repolhos "desprotegidos" têm chegado ao fim do dia moles, desidratados, enquanto o que está acompanhado de mato, usufruindo de uma leve sombrinha, perde menos água por evaporação e permanece sempre mais tenro e firme. Certamente isso também o torna mais forte, já que, como nós, plantas saudáveis e hidratadas resistem melhor a doenças.

Repolho saudável, "escondido" no meio do mato

Mas não se anime muito; mais cedo ou mais tarde os pulgões encontrarão uma brecha e você os verá firmes e fortes, comendo sua comida sem te pedir licença. Quando isso acontecer, lembre-se do que ensina o permacultor Peter Webb:

"Pulgões vêm para compartilhar a abundância na seiva das plantas em rápido crescimento. A mãe deles deixa os filhos vivos no lugar onde começam a sugar a seiva de nossas plantas queridas. Eles só conhecem como casa aquele lugar, pois não chegam andando, nem voando para o local. Por este motivo, pode direcionar um jato de água neles e jogá-los no chão, pois não vão voltar para o local, nem sabem o caminho de como chegar. O truque é não deixar o número deles aumentar muito, pois a colônia cresce rapidamente. No caso de laranja e couve, as plantas encurvam as folhas, o que dificulta a água entrar. Passar os dedos carinhosamente na cabeça deles costuma atrapalhar bem. Se quiser alguma coisa para pulverizar (e satisfazer o desejo de alquimistas), use sabão de coco (2 colheres de sopa por litro - derreter na água quente e pulverizar depois que a água estiver fresca). Com pulgões é melhor fazer novamente depois de 15 dias, pois sempre deixam ovos que vão nascer. Se não fizer isso, eles voltam enquanto dorme à noite!".

7 comentários:

  1. Temos sempre que ir encontrando alternativas para lidar com nossos 'amiguinhos'. Eles têm um instinto de reprodução que ultrapassa nosso jogo de cintura. Mas sempre há algo sem veneno que se pode usar e proteger nossa produção. Gostei da receita do sabão de coco. Fica fácil porque agora existe sabão em flocos para vender. Vou experimentar. Beijo, bom fim de semana. Angela
    http://noticiasdacozinha.blogspot.com

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  2. Gosto muito dos seus posts. Aprendo muito com eles. Veja só, eu me atirei na busca de informações sobre o óleo de neem por causa do meu cachorro que tem dermatite atópica e eu não via com bons olhos o uso das tais pipetas, cheia de química. Pois bem, é impressionante o que esse óleo faz pela agricultura. Ele combate aproximadamente 400 insetos. Dou banho no meu cachorro semanalmente com ele para prevenir pulgas e carrapatos, lavo a casinha dele e aproveito para borrifar no pé de chuchu, na pitangueira, no pé de guaco e na roseira. Eu recomendo! Grande abraço. Maci Nogueira

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    1. Maci, que incrível, nunca tinha ouvido falar em usar óleo de neem para combater/prevenir pulgas e carrapatos! Será mesmo que tudo bem para os cachorros? Tá certo que não é tóxico pra gente na comida, mas... sei lá.
      Vou pensar nisso e experimentar. Meus bichos estão com pulgas.
      Muito obrigada pela dica!
      Um beijo,
      Juliana.

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  3. Uso fumo, acaba com os pulgões. Pena que só lembre de usar depois que os pulgões vieram. Adoro couve de bruxelas mas eles não deixam!

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    1. Angela,
      não gosto muito de fumo. Uma vez passei mal só com o cheiro e fiquei com más recordações.
      Experimente o óleo de neem, acho que você vai gostar.
      Um abraço,
      Juliana.

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  4. Tj

    A vida toda minha avó plantou margaridas no jardim, sem maiores problemas ... inspirada nela montei um belo vaso de margaridas na minha casa e... os pulgões (surgidos não sei de onde) destruiram tudo. Não houve remédio natural ou quimico que desse jeito nos monstrinhos, para evitar que infestassem outras plantas, precisei me livrar das queridas margaridas.

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  5. Tj,
    às vezes, quando a gente vai combater, a planta já está muito afetada e não consegue mais se recuperar. O óleo de neem, por não ser tóxico, é bom para prevenir. Você pode usar diversas vezes antes, durante e/ou depois da infestação sem medo de fazer mal para você ou para a planta.
    Um abraço,
    Juliana.

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