Passei alguns minutos do final da tarde de hoje filosofando a respeito de uma história que li na internet. Iram Leon, um corredor de 32 anos, tem câncer no cérebro e venceu uma maratona empurrando a filha Kiana em um carrinho.
"As pessoas não deveriam começar a viver quando disserem que elas irão morrer", diz ele.
A reportagem termina com: depois de ouvir músicas da Disney com sua filha durante a prova, Iram escolheu a "Carry on" para cruzar a linha de chegada por um verso em especial que diz "minha cabeça está pegando fogo, mas minhas pernas estão bem".
Saí para o jardim com uma xícara de café com leite quentinho e fiz um bom passeio filosófico pensando na declaração sobre começar a viver quando sabemos que vamos morrer. Me lembrei que também pensei muito nisso depois de viver o baque da morte de algumas pessoas queridas, época em que fui tomada por uma baita urgência de aproveitar a vida.
Outro tema que me fez pensar durante o passeio foi a notícia de que a L'Occitane, fabricante francesa de cosméticos, lança neste mês a L'Occitane au Brésil, nova marca que venderá produtos feitos no país com ingredientes locais. Até ai nenhuma (ou apenas alguma) novidade. O mais interessante é que a nova grife vai utilizar apenas ingredientes inéditos, nunca antes explorados pelas indústrias de cosméticos nacionais, e começa lançando produtos feitos com vegetais da caatinga e do cerrado.
O primeiro deles é o mandacaru (Cereus jamacaru), um cacto típico do sertão nordestino usado como alimento para animais. Depois de muita pesquisa descobriu-se que a espécie é muito eficiente na hidratação da pele e do cabelo. Não é à toa que mesmo nos piores momentos de seca o mandacaru mantém cabras e vacas hidratadas.
A segunda espécie nacional escolhida é o jenipapo (Genipa americana), fruta típica do cerrado muito utilizada na preparação de licores. Depois de se encantar com o cheiro da fruta, os profissionais da L'Occitane descobriram que ela tem grande potencial de restaurar tecidos danificados, que é tudo o que um creme para o rosto tem que fazer, nos dias de hoje.
Juntando maratonista desenganado com mandacaru e jenipapo cheguei à conclusão de que a gente é mesmo muito boba de só valorizar o que alguém nos diz que tem valor. Cheios de coisas em volta, estamos sempre achando que a grama do vizinho é mais verde. Que se é vendido é melhor do que se é de graça. Que se for mais caro deve ser ainda melhor. E que se for morrer logo é melhor aproveitar de uma vez, mas se não for pra morrer agora pode deixar pra aproveitar mais tarde.
Quando me dei conta já aproveitava melhor o passeio, inspirando mais fundo para sentir o perfume da murta florida e o cheiro de chuva na terra. Comi acerolas no pé e colhi limões galegos para um suco mais tarde. Segui borboletas coloridas e fiquei quietinha curtindo a falação das maritacas no alto da nogueira-pecã. E me lembrei que hoje de manhã, pela primeira vez, vi cinco canarinhos amarelos comendo quirera e alpiste na mesa do quintal - até ontem vinham sempre só dois.
Passeios filosóficos em meio à natureza são um tanto mágicos e fazem a gente voltar pra casa mais feliz, com a certeza de que basta um pouquinho de boa vontade e observação e então conseguimos transformar isso:
Nisso:
Flores de maria gorda (Talinum paniculatum), considerada praga invasora mas que também pode ser usada como planta decorativa. Basta olhar com olhos de ver. |
Por enquanto, só vou falar da florzinha "maria gorda (Talinum paniculatum)" - que se não fosse por agora, jamais saberia o nome - que eu gosto tanto, sempre tento ter em casa (arranco ela da rua e sempre tento plantar em casa, sem muito sucesso) e ainda não consegui.
ResponderExcluirPraga para quem, né? depende do olhar. Acho-a muito bonitinha e gostaria de poder manter a vivacidade dela mesmo seca.
Vou me esforçar mais para mantê-la viva aqui em alguma jardineira mesmo, depois, tentarei secar de maneira eficiente.
Gabi,
Excluirque tal, ao invés de arrancar, tentar semeá-la?
As sementes são pequenas bolinhas que se formam dentro dos frutinhos coloridos. Colha os frutinhos e jogue-os sobre a terra de um vaso ou jardineira.
Vai nascer fácil!
Boa sorte e seja sempre bem vinda,
Juliana.
Conheço bem essa reflexão sobre aproveitar a vida quando a morte nos ameaça: tive câncer porque achava minha vida sem graça e o corpo respondeu a isso.
ResponderExcluirHoje percebo o quanto a vida é boa, é só mudar o olhar e o fazer diários, colocando alegria e prazer como prioridade 1. Beijo, Angela
http://noticiasdacozinha.blogspot.com
Angela,
Excluirseu astral sempre me contagia, só de ler seus comentários. Não consigo imaginar você achando a vida sem graça.
Que bom que hoje é feliz!
Um beijo grande e obrigada pelo carinho,
Juliana.
coincidência, hj colhi flores de "maria gorda" para enfeitar minha sala. Os que colhi já estão mais sementes do que flores. Juntei com capim tipo rabo de gato e outra florzinha amarela.
ResponderExcluirRaramente compro flores para vaso, colho nas ruas e praças perto de casa!
Neusa,
Excluirsão surpreendentemente bonitos esses arranjos com flores colhidas nas ruas, não?
De início a gente olha e não dá nada, mas vai colhendo, colhendo, e sempre acaba com algo interessante nas mãos.
Você é das minhas!
Um abraço,
Juliana.
Lindo texto.
ResponderExcluirCompartilhei.
Obrigado pelas suas palavras inspiradoras...
Fernando,
Excluireu é que agradeço, pela frequência e carinho de sempre.
Um abraço,
Juliana.
Obrigada, Marie,
ResponderExcluirseja sempre muito bem vinda!
Um beijo,
Juliana.
Nossa... que texto maravilhoso!
ResponderExcluirConsegui sentir o cheiro de terra molhada, da murta...
Descobri seu blog esses dias, e estou me deliciando com cada post.
Sinto cada dia mais uma necessidade de simplicidade, de natureza...
Estou com uma vontade louca de plantar o máximo de verduras e frutas que minha casa comportar.
Tenho um cachorrinho sapeca que insiste em destruir meu pequeno canteiro, e pouco espaço pra esse feito, mas farei o que for possível!
Obrigada por me inspirar a cada post!
Obrigado pelo post!
ResponderExcluiradorei!
Que texto mais querido do mundo!
ResponderExcluirLá em casa a gente chama essa florzinha de "pé de alfinete", porque as bolinhas lembram alfinete de costura.
Obrigada por estar aí pra lembrar a gente de ser menos bobo.
Beijo!
Hoje acordei cedo,com vontade de mudar alguma coisa... logo fui para o pomar à procura de ideias.Encontrei meus pés de Maria Gorda floridos,colhi alguns galhos,juntei algumas flores de zinia e galhos de erva doce.O resultado foi beleza e um perfume delicioso pra minha cozinha.
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