É certo que a paz começa dentro da gente, mas quando ela também está do lado de fora é bem mais fácil relaxar. E mesmo que o retiro aconteça num lugar muito parecido com onde a gente vive, o fato de olhar de fora os problemas renova a serenidade que nos faz perceber que tudo tem solução. A falta d'água, a saúde da gata e o mato nascendo a cada centímetro de terra parecem dificuldades menores quando não estão sob nossa responsabilidade, mas na verdade têm o mesmo tamanho, só não estão pesando no nosso colo.
Já virou tradicional o Carnapira, e no ano que vem (e no outro, e no outro, e no outro…) a gente quer voltar a curtir o sítio da Neide e do Marcos no feriadão. Sob os cuidados desses carinhosos anfitriões e na casinha super cheia de charme, teve:
Café da manhã no jardim com vista para as montanhas |
Suco de cambuci que tínhamos congelado em casa, mas que só tivemos coragem de fazer junto com quem também valoriza |
Banho na represa... |
… que estava com menos água que o normal (veja o contorno de terra que no verão não deveria existir) mas pra nadar deu |
Existe uma grande diferença entre gente que vive e gente que vive bonito. Entre quem cozinha e quem cozinha com prazer. Entre quem planta e quem planta com amor. Passar dias gostosos em companhia de amigos que dão valor às coisas e querem melhorar a vida e o ambiente em que vivem ensina sempre mais um pouquinho a quem, como eu, gosta de caprichos e toques especiais.
Neide e Marcos compraram, há três anos, uma terra que havia sido pasto. Isso significa que toda a área era coberta de capim braquiária e poucas árvores haviam. De lá pra cá muito têm batalhado - com o próprio muque e a ajuda de um casal de caseiros especiais - para inverter essa paisagem e acabar com o capim sombreando a área toda com árvores. Quem olha para o Dr. Marcos no consultório, de jaleco em dias úteis, não imagina o trabalho físico do médico nos dias de descansar; e o mesmo deve acontecer com quem conhece a Neide só da coluna quinzenal no Estadão: a nutricionista poeta e sabida, que conta suas descobertas com paixão, pega pesado na roça sem parar nem pra beber água. Ela tem uma constituição camelística, diz o marido. Sinceramente, fico com inveja de não ter a energia dela. Quando eu crescer, quero ser igual quiném.
Para colaborar com o reflorestamento e a diversidade levamos o carro lotadinho de mudas - algumas que eles insistem em pagar e outras de presente, que a gente fica feliz em oferecer. No ano passado já tínhamos levado mais de trinta espécies, principalmente frutíferas, então dessa vez escolhemos algumas árvores ornamentais, que a Neide disse que anda com vontade de flores. Foi lofântera, jeniparana, abricó de macaco, além de bastante assa-peixe pra atrair abelhas (que depois descobri que lá nasce espontâneo), cabeludinha pra chupar no pé, olho de dragão, cajá mirim…
Ah, foi também uma jabuticabeira bonita, ainda de quando eu morava em São Paulo, que estava num vaso e há anos pedia para se mudar para o chão. Fiquei feliz por ela, porque casa nova melhor não há! Foto não tenho porque enquanto Neide plantava a muda com os maridos (ela tem um só, o outro era o meu) eu curtia a vida de visita folgada, copiando receitas deitada na rede.
No resto do tempo comemos muita comida boa e curtimos bonitezas e invenções. Coisas como o escorredor de louça, por exemplo, adaptação perfeita de um aramado de armário que de um lado é apoiado no parapeito da janela da pia e do outro é suspenso por uma correntinha quem vem do teto. Assim não ocupa espaço na cozinha nem molha a pia. Genial.
Dendezoca, assim como eu, mais descansou que trabalhou. E Tapioca está viva, graças a São Francisco que fez plantão especial durante a semana, quando Neide e Marcos tiveram que deixá-la sozinha.
Nós voltamos leves, agradecidos pelos dias tão gostosos, com ares de felicidade e uma sensação boa de ter ajudado um pouquinho os amigos a fazerem seu lugar melhor. Do lado de fora, porque por dentro já é só charme…
Tá na cara que foi uma delícia!
ResponderExcluirOi, Juliana,
ResponderExcluirA companhia de vocês é preciosa, serão sempre muito bem vindos. É uma honra e um prazer recebê-los.
Grande beijo
que delícia de postagem...qd estou no meu sítio,esqueço do mundo ( no bom sentido ).Lá eu tenho muita oportunidade de ter as minhas práticas sustentáveis. E por coincidência,em frente à minha casa tem uma Floresta de Eucalipto...bjcas
ResponderExcluirJu, é sempre tão bom receber um olhar distanciado deste nosso pedaço de terra. E foi tão bom (e em todo carnaval será) ter vocês com a gente. Um dia ainda vamos pra lá só pra descansar. Obrigada pelo texto lindo e pelas imagens vistas por outro ângulo. Obrigada pelas mudas, pelo plantio, pela companhia. Você e o Flores são queridos. beijos,n
ResponderExcluirParabéns pelo blog, Juliana!
ResponderExcluirSou leitor da Neide desde muito tempo e agora, também vou frequentar esse espaço (não sou de comentar muito, mas estarei por aqui).
É muito bom encontrar ilhas que compartilham prazer e conhecimento de forma saudável no mundo virtual, como o Come-se, o De Casa Verde também é um desses destinos em meus favoritos.
Parabéns!
Vim conferir o post por sugestão da Neide. Que delícia de passeio! Éita vida mais ou menos, hein"?
ResponderExcluirOi! adorei seu blog, vim por sugestão da Neide, de quem sou fã, agora o seu tb passou a ser leitura obrigatória.
ResponderExcluirOi, vi você no Come-se, que DELÍCIA os textos de vocês!
ResponderExcluirTenho uma chácara numa área de Mata Atlântica que já foi explorada como fazenda de gado, então tá muito degradada, com pouquíssimas árvores (e a maioria não é nativa). Como vocês fazem reflorestamento com árvores nativas, o que recomendam plantar para atrair abelhas meliponídeas? Já fui ao IAP, mas o senhor do viveiro não soube me informar. (Sonia - São José dos Pinhais - Região Metropolitana de Curitiba)
Muito obrigada a todos os visitantes de primeira viagem. Será um prazer tê-los sempre por aqui.
ResponderExcluirSonia, de São José dos Pinhais,
Não tenho muito conhecimento sobre espécies para abelhas, mas por experiência própria pitangueira e jabuticabeira atraem trilhões delas na época da floração. Temos as duas aqui no sítio e a gente ouve de longe as moças trabalhando. Procure ali em cima no campo "Pesquisar" um post que se chama A fábrica de jabuticabas.
E pesquisando na internet pra ter responder encontrei um site que sugere também:
Sangra dágua - Croton urucurana
Aroeira pimenteira - Schinus terebinthifolia
Pau viola - Citharexylum miryanthum
Veja mais no link http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/70/palestra.htm
Imagino que outras frutíferas nativas dessas que produzem em abundância também atraiam abelhas. Grumixama, cabeludinha, uvaia, cereja do Rio Grande…
Um abraço a todos e voltem sempre,
Juliana.
MUITO OBRIGADA pela atenção (e rapidez, uau!). Fiquei tão encantada com teu blog que não consigo parar de ler, e agora estou BEGE de curiosidade pra saber da rolinha (sou apaixonada pelas aves e alimento várias aqui na chácara. Tem tico tico que entra na minha cozinha pra comer!). Ela já aprendeu a voar? Abraço, Sonia
ResponderExcluirOlá Juliana. Boa noite.
ResponderExcluirMeu nome é Denise; cheguei ao seu espaço através do blog Come-se, da Neide, que foi um encanto de pessoa ao atender-me tão rápido. Fiquei encantada por tudo lá e o pouco que vi do seu espaço, sinto que daqui aprenderei muito também. A Neide solicitei sementes de camapu, que aqui no sertão paraibano chamamos de bucho de bode, mas, infelizmente não os tenho visto há muitos anos. Vi que vocês vendem mudas, não é isso? Fiquei interessada. Já entrei em contato com várias empresas que vendem mudas, sementes, mas em sua maioria, a partir de 100. Moro em um sítio pequeno, com chuvas pouco frequentes e para ñ deixar que as árvores morram, usamos água de cisternas, ás vezes, abastecidas por carro pipa. Você teria mudas ou sementes disponíveis dessa planta e também de outras que por aqui pouco vejo, como pitanga, cambuci, ipês, roseiras? Aqui no sítio estou plantando cajueiros, fruta do conde (pinha) acerola, mangueiras. Geralmente encontramos essas frutíferas, mas uma aqui e outra muito distante, estou tentando plantá-las aos montes, pois acho que se tivéssemos, ao menos frutas em abundância em todas as ruas, esquinas (cidades) e ao redor das casas, nos sítios, evitaríamos tantas pessoas passando fome. Ao menos penso assim.
Se possível, mande-me valores e as opções de mudas ou sementes de que dispõe; no caso frete também, mas moramos um pouco longe.
Este é meu e-mail: denise_andrade@outlook.com.br
Grata pela atenção. Fico no aguardo
Denise Andrade